segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


A regra psicológica afirma que quando uma situação interior não se torna consciente, ela acontece no exterior, como destino. Isso significaria que auqnao o indivíduo permanece indiviso e não se conscientiza do seu oposto interior, o mundo precisa forçosamente representar o conflito e ser viloentamente dividido em metades opostas.
Não esperamos tanto dos outros quando estamos ocupados conhecendo a nós mesmos...
A individuação é uma expressão do processo biológico - simples ou complicado, conforme o caso - através do qual todo ser vivo torna-se o que estava destinado a ser desde o início.

Jung diz que encontraremos no mundo exterior, como destino, tudo aquilo de que não temos consciência em nós mesmos. Existe sempre um motivo para as coisas que nos acontecem. É claro que podemos não conhecê-lo na ocasião! Como poderíamos? É somente vivendo o processo, aceitando o que acontece e depois refletindo a respeito, que podemos descobrir o significado da nossa vida.
Superestimamos constantemente o conteúdo existente na consciência, e temos uma grande surpresa quando descobrimos que aquilo que imaginamos ser o ápice final nada mais é do que o primeiro passo de uma escalada extremamente longa.




Para que eu possa estar consciente de mim mesmo, é preciso que eu seja capaz de me distinguir das outras pessoas. O relacionamenteo só pode ter lugar onde existe essa distinção.
"A vida é um lugar inesperado.
Eu digo isso com bastante frequencia e penso nisso mais ainda. Foi o que senti no aeroporto quando você não apareceu. Embora eu tenha usado toda minha adrenalina, mesmo assim me diverti.
Parece-me que você teve a experiência única de saber (mesmo que apenas por uma tarde),
onde você estava
onde você não estava, e
para onde você estava indo.
Agora eu lhe pergunto. E eles dizem que o inconsciente não tem senso de humor..."
Carson McCullers



O recolhimento das projeções pode ser doloroso e não acontece da noite para o dia, mas de acordo com Jung, é fundamental para o processo de nos tornarmos conscientes.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Grande Serpente


"A grande serpente simboliza o lado escuro e impessoal da feminilidade e, ao mesmo tempo, sua capacidade de se renovar. A filha que consegue sair de debaixo da pele da mãe negativa não a perpetuará, e sim a redimirá!"

Marion Woodman

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

House: alma escorpiana, mente aquariana

Médico competente, elemento agitador, ser humano difícil, buscador de enigmas, são muitos os adjetivos para definir o Dr. House, personagem principal de uma série que há várias temporadas tem um público cativo nas TVs do mundo inteiro. Que signos melhor descrevem a genialidade e as manias do médico mais famoso do planeta?
Quando me falaram que a série Dr. House era sobre Medicina e doenças, achei que não conseguiria passar do primeiro DVD, mas a série me conquistou. Seria por causa dos enigmas a resolver? Teriam estes enigmas a mesma graça se não fossem solucionados pelo louco, controvertido e brilhante Dr. House?
Quem é House?


É preciso assistir a várias temporadas para entender House. Talvez eu tenha começado a compreendê-lo melhor a partir da quarta, tenha consolidado um possível entendimento na quinta e tenha mudado de idéia na sexta. A série, cheia de reviravoltas, não me capturou por causa da Medicina, que certamente não é meu forte, mas por, além de ser divertida, falar sobre as idiossincrasias e contradições dos seres humanos – a começar por seu protagonista.
House adora desvendar seres humanos. Foi isto também que me atraiu para a astrologia. A possibilidade de o mundo interno se revelar a partir de um mapa astral sempre me fascinou. Portanto, tentei fazer com House o que ele faz com todos: compreender como ele funcionava e quais seriam suas motivações.
A primeira marca astrológica evidente em House é Escorpião. Este é um signo que se atreve a se envolver com Medicina e que representa profundidade, complexidade, regeneração, perda, investigação, morte, cirurgia, riscos. E, claro, obsessão. House tem todas estas características. Usa, inclusive, roupas escuras, um gosto típico deste signo. Está sempre com um visual meio descuidado, como a barba para fazer. Escorpião representa o arquétipo dos vilões, canalhas, cafajestes, que rivalizam em fascínio com os mocinhos. Tem Marte como um de seus regentes, e o nosso protagonista com frequência é rude e direto, tal qual este planeta. A profissão de diagnosticador, que ele mesmo inventou, já que se recusa a atender pacientes regulares, é inegavelmente escorpiana. É este o signo que tem por objetivo descobrir o que está errado e também o que está oculto. House cumpre esta missão com louvor.
Entretanto, para Escorpião ser quem ele é, precisa esconder dentro de si, como acontece ao longo de toda a roda zodiacal, o signo anterior a ele, que é Libra. Escorpião sente aversão e atração por Libra. Tem ojeriza por ser bonzinho, dourar a pílula. Entretanto, o melhor amigo de House é um tipo bastante libriano. É todo preocupado com ética, em agradar e sofre de problemas em dar limites e, não raro, de indecisão também. Sua maior motivação são os romances. Como podem ser tão opostos e manter a amizade? Quando a pessoa mais próxima de nós é alguém tão diferente, desconfie-se que ela pode expressar algo que não permitimos, que não deixamos vir à tona. Wilson faz este favor por House e, claro, House por Wilson.
Mas somente Escorpião não explica House. Ele é obstinado no seu trabalho, de uma concentração escorpiana, capaz de passar horas tentando entender um quebra-cabeça médico, mas é também irreverente, rebelde, extremamente inteligente e, quase que na mesma medida, inconsequente. Durante cinco temporadas, esteve seriamente viciado em uma droga estimulante que minimizava a dor na sua perna, mas também fazia com que quase não tivesse limites. E ao invés de sentir a dor física e lamentar por ela, algo que talvez um Escorpião cogitasse fazer, muitas vezes parecia desligado das emoções, e também das convenções, família e afins. Sua única fidelidade era em relação ao amigo Wilson, a quem periodicamente atormenta e com quem gosta de entrar em disputas (prazer que Wilson secretamente também nutre). Eis aqui características francamente aquarianas. São aquarianas também sua moto, sua guitarra e sua teimosia.
Afinal, House seria mais escorpiano ou mais aquariano? Se colocarmos Escorpião no Ascendente, Aquário ficará na quarta casa. A quarta casa corresponde ao interior da pessoa e também a forma de se lidar com a família. Toda relação de House com a família é aquariana. Nunca se identificou com o pai e sempre teve um relacionamento distante com ele, optou por morar longe de todos e seu melhor amigo (Aquário rege os amigos) é quem é a sua família de fato. Além disso, um flagrante distúrbio de origem aquariana, e presente no personagem, é a incapacidade de manter relações afetivas estáveis. Aquário se opõe a Leão, signo que rege a temática amorosa, e, com frequência, esta é uma área complexa para Aquário.
Pessoas com Ascendente em Escorpião e Aquário na quarta casa podem ser elementos desestabilizadores ou questionadores de seus ambientes. É o caso de House, com ou sem Vicodin. O seu papel é mexer, questionar. House nunca deixa pedra sobre pedra. Tudo é exposto, revelado, e, obviamente, ele acaba atraindo o mesmo tratamento para si mesmo. É tão fiel ao arquétipo Escorpião/Aquário que, ainda que com as mudanças em seu universo, no fundo gosta de manter os mesmos elementos, como é da natureza destes signos, que pertencem ao ritmo Fixo. Não raro recontrata subordinados, faz com que eles voltem, atraindo-os para a montanha russa, que não só é médica, como também emocional.
Eles convivem com o excêntrico chefe tentando deixar suas vidas pessoais em ordem, talvez pouco cientes que não é fácil resistir ao constante escrutínio de House, padrão de comportamento que também absorvem, passando a questionar uns aos outros. A equipe tem uma intensa relação escorpiana, e os limites da privacidade de seus integrantes são usualmente ultrapassados. Eles se alternam entre a fria despersonalização aquariana (muitas vezes dizendo as maiores barbaridades, assim como seu chefe) e a íntima relação escorpiana, falando (quase sempre forçadamente) sobre casamento, traições, mortalidade, medos, etc.
Fato é que não é possível conviver com House sem se expor. Vem daí mais um traço distorcido de Escorpião, que, a um só tempo, é um signo que quer guardar seus segredos, mas que pode gostar de conhecer os alheios. House sabe que o acesso à informação traz poder. Curiosamente, ele não precisa mais do que tem, como chefe de departamento com diversas liberdades, mas o fascínio pelo poder é traço escorpiano, bem como a dificuldade em se desligar de desafios e disputas, ou, mesmo, em criá-los.
O inconvencional médico tem uma estratégia interessante e bastante escorpiana para tirar o foco de si: ele expõe seus podres, a começar pela perna manca, impossível de esconder. Assim, é notório que contrata prostitutas para resolver suas necessidades sexuais ou que vive investigando a vida de Wilson. No entanto, regula a conta-gotas o principal: suas verdadeiras emoções. É preciso assistir a pelo menos cinco temporadas para que algumas delas comecem a aparecer. É sabido que Aquário, como arquétipo, não necessariamente como ser humano, tem muita dificuldade com o universo emocional. Na verdade, pode ter verdadeiro pavor, encontrando todas as formas de fugir dele, valendo os estimulantes, as distrações. Quanto às últimas, diga-se que o nosso anti-herói prefere as de baixa qualidade, como as melosas novelas mexicanas ou os filmes pornôs.
A série como um espelho da sociedade atual
A série guarda um grande paralelo com a sociedade atual. Os signos fixos, visíveis na personalidade de House, também estão muito destacados atualmente, por estarmos vivendo a transição para a Era de Aquário. Assim, estamos vendo uma intensa discussão sobre consumo e esgotamento de recursos (Touro), a explosão da vida privada na Internet (Leão), os temas sociais de difícil solução, como o tráfico de drogas ou conflitos no Oriente (Escorpião), a tecnologia e seus limites (Aquário).
Ainda que os temas não sejam os mesmos para o protagonista, ele também é definido pelos signos fixos: pensa sempre primeiro nele (Leão), é amante confesso dos prazeres (Touro), um investigador compulsivo (Escorpião) e um iconoclasta (Aquário).
A violação da privacidade (Escorpião), um dos núcleos mais evidentes da série, também vem sendo cada vez mais debatida. House crê que a descoberta da doença justifica que seus subordinados invadam a casa dos seus pacientes sem autorização. Da mesma forma, sites na Internet vendem e repassam as informações que confiamos a eles. Não são poucos os que temem que, no futuro, dados e mapas de DNA sejam indevidamente divulgados e consultados.
Há outros paralelos evidentes entre o protagonista e a sociedade atual. A hipervalorização do sexo em detrimento do afeto. A anestesia emocional (que, no caso de House, era intensificado pelo Vicodin) e a desconexão espiritual. Outro detalhe que chama a atenção é a fascinação de House por programas de conteúdo pobre. Ele apenas assume, como bom escorpiano, o que já é sabido: que uma parte de nós parece gostar de coisas não tão nobres, não tão boas e nem de qualidade. Às vezes queremos ver o programa mais podre ou idiota da televisão. Afinal, isto é humano!
Um outro ponto de destaque são os relacionamentos com frequência doentios e simbióticos, que se parecem bastante com o que vemos na vida real: nos nossos locais de trabalho, nas histórias da vizinhança, no que estamos fazendo ou no que está acontecendo debaixo de nosso nariz (saibamos ou não). A diferença é que na série tudo está sendo discutido, visto, processado e gerando fatos, como se fosse um imenso consultório de análise. Mais (sufocantemente) Escorpião, impossível.
Filosofia houseana: somos todos egoístas
Ainda que House não possa ser chamado de “uma pessoa consciente”, até pelos atos que pratica, ele tem uma particularidade, que também é escorpiana: não se ilude com o mundo cor-de-rosa que a mídia quer construir nos comerciais e nos filmes em que tudo dá certo no final. Sua filosofia é a de que as pessoas são egoístas e sempre têm algum interesse. É com este material (radioativo) que provoca pacientes e subordinados. Ele tem pleno conhecimento de que as pessoas erram, perdem tempo e podem morrer à toa. Na verdade, acha que na maior parte do tempo o ser humano ou está perdido ou cuidando dos seus interesses, como se o mundo fosse dividido entre Wilsons e Houses.
Apesar desta filosofia, que se pode denominar realista ou pessimista, nosso protagonista vive uma interminável adolescência (outro traço aquariano). Ainda que seja um gênio em sua profissão, sua mente só tem três focos (o que também poderia ser uma característica de signos fixos, quando se destacam dentre os dos demais ritmos): bisbilhotar a vida alheia, diagnosticar doenças e se divertir. Entretanto, quando a sua mente não está ocupada com estes três assuntos, está vagando sem controle, para seu próprio prejuízo. Assim, não é a perna quem limita House. A perna dói e o fez abusar de drogas, mas o que verdadeiramente o refreia e faz ficar de joelhos, o Saturno de House, é a sua mente. Ele só procura tratamento porque seu cérebro, que seria justamente o seu ponto mais brilhante, começa a entrar em colapso e misturar realidade com imaginação. Como é um homem de lógica, entende que sua cabeça pirou e que ele chegou a um limiar.
Muito poucas vezes antes disso demonstrou humildade, e é depois de chegar a este ponto que começa a aprender alguma coisa que nem ele mesmo sabe direito o quê. O universo das regras e do comportamento social – representado por Libra, que está na nebulosa décima-segunda casa do mapa hipotético de House – sempre lhe foi pouco palpável. No fundo, o médico nunca deixa de questionar se estas normas, que incluem a ética e os bons sentimentos, não passam de uma imensa besteira criada por seres humanos, quem sabe para controlar uns aos outros, e que é tão perecível quanto eles. House é um cético profundo. Estranhamente, não se dá conta da forma como resolve muito de seus casos: através de coincidências, que o estimulam a chegar à resposta correta, ou de sonhos, ou seja, fenômenos que transcendem o físico e o previsível. É visível que utiliza processos aquarianos, como a tempestade de idéias (brainstorming), a fim de encontrar soluções paras seus casos médicos tão pouco usuais quanto ele próprio. House raciocina com lógica e conhecimento, sim, mas com uma boa dose de faro escorpiano e intuição aquariana também.
Dependência emocional oculta
Bom em analisar os outros, House não conhece muito a si próprio. Quando retorna da internação, não é somente por recomendações médicas e a possibilidade de remissão do vício que vai morar com Wilson. É a sua dependência que fica a descoberto, menos para ele. Dizem que o maior medo é o de morrer, mas o pesadelo mais aterrorizante do ser humano é o de estar só. Por isto criam-se famílias, as pessoas se casam, têm filhos e cultivam laços. House finge que é autossuficiente e pode fazer o que quer, mas precisa profundamente de Wilson para não estar só, e até mesmo para se desenvolver como pessoa. E ele não se desenvolve ouvindo Wilson e tampouco acatando suas sugestões, o que francamente não faz, mas tão somente tendo que se relacionar com ele. E relacionar-se significa ter que se tornar minimamente sensível a outro ser humano.
Mas, como tudo o que se refere a House, este relacionamento também não é normal. Ele não permite que Wilson tenha segredos. A não permissão de guardar segredos, porém, não é prerrogativa de Wilson. Ninguém pode ter privacidade. House passa o tempo todo investigando as pessoas. Porém, ele não para muito para refletir sobre o que vem fazendo de sua própria vida. Pensando bem, esta não é tarefa para qualquer um, é?
House vive em Hugh Laurie?
Mas deixemos House para enfocar o ator que lhe dá corpo, Hugh Laurie. A carreira de Laurie tomou um novo impulso a partir de House, o que mostra que há uma conexão muito poderosa entre intérprete e personagem. House deve estar no mapa de Laurie, ainda que o ator não seja o personagem.
Tenho apenas a data de nascimento de Laurie. O mapa mostra Sol e Mercúrio domiciliado em Gêmeos. Não há dúvida de que Hugh Laurie é uma pessoa muito inteligente, articulada e de raciocínio rápido, como House. O ator tem um stellium em Leão, signo da diversão e do entretenimento, reunindo Vênus, Marte, Lua e Urano. Eis aí House escrito, pois sobretudo sua falta de limites diverte, e a série, ainda que médica, entretém, bem à moda de Leão. A Lua do ator está junto de Urano, o que demonstra a sua familiaridade com tudo o que diferente, inconvencional e sua capacidade de representar bem o papel de um gênio e um excêntrico como House.
Plutão está em Virgem. Nada mais apropriado do que o planeta da profundidade e investigação em um signo ligado à saúde. Forma trígono com Saturno em Capricórnio, o que bem poderia ser o aspecto de uma autoridade em medicina. Um chefe, alguém inquestionável, pela quantidade de conhecimento que acumulou. House só pode ser quem ele é porque é muito bom no que faz. Se não fosse um médico genial, não pararia muito tempo em lugar algum.
Netuno, que pode reger, dentre outras coisas, a loucura e a perda de limites, está em Escorpião. A loucura de House é a sua mente obsessiva, que tanto o caracteriza. Mas é o que o faz adoecer, também, em todos os sentidos. Ele iludiu-se (algo ligado a este planeta) achando que ficaria sempre imune aos efeitos colaterais do Vicodin (que, por ser uma droga estimulante, bem poderia ser regido por Urano, o qual recebe uma quadratura de Netuno, planeta significador dos vícios), até que o seu remédio o jogou em um mundo de pesadelo e vulnerabilidade, uma boa descrição para Netuno em Escorpião. Mas foi quando se iniciou também uma lenta e sutil transformação no personagem.
Netuno quadra Vênus/Marte/Lua. Netuno rege, dentre outras coisas, o sacrifício. A vida amorosa (Vênus) e emocional (Lua) de House é evidentemente sacrificada. Seria tão bom diagnosticador se fosse uma pessoa normal, se tivesse família e a ela se dedicasse? Ou é preciso ser meio louco e não ter compromisso com ninguém para fazer as coisas que ele faz?
Bem de acordo com Netuno, tudo fica em potencial, seja o seu casamento, que foi interrompido, ou a admiração por Cuddy, a diretora do hospital. E, como se não bastasse, Netuno quadra Marte, que, dentre outras coisas, pode significar músculos. Músculos foram retirados da perna de House, causando danos permanentes. Ainda bem que Hugh Laurie foi viver esta poderosa quadratura com Netuno de um outro jeito, sendo ator. Pois para House fica claro que amor (Leão, o stellium) foi sempre sacrificado, bem como sua vida pessoal. Ele brilha e faz mais sentido no hospital do que em qualquer outro lugar.
Por último, não poderíamos deixar de examinar Quíron. Quíron é muito evidente no médico, porque ele é o próprio curador ferido. É quase chocante encontrá-lo em Aquário, signo que tão fortemente caracteriza House. Lá está o médico louco. House faz estripulias, mas manca. Mexe inadvertidamente com a vida dos outros, mas é refém da própria dor. É um diagnosticador, mas sofreu um dano permanente na sua perna e na sua vida por causa de um erro de diagnóstico. Contradições aquarianas.
Não sabemos quem House seria se tivesse a perna perfeita. Não sabemos se, no fundo, esta perna também limita o seu contato com as mulheres e a sua forma de se comportar, pois ele nunca será um galã, um herói. Continuamos a assisti-lo hipnotizados. O que ele vai aprontar? Quem vai importunar? Como vai resolver os quebra-cabeças médicos e o das relações? House é o nosso Vicodin. Talvez estejamos tão loucos quanto ele.

ARTIGO DE VANESSA TULESKI

domingo, 8 de agosto de 2010


"A extroversão e a introversão são claramente uma questão de duas atitudes ou tendências antitéticas e naturais que Goethe certa vez chamou de diástole e sístole."
C. G. Jung

"O homem que não insere em sua vida um pouco de solidão
jamais desenvolverá sua capacidade intelectual"
De Quincey

Objetos Externos

Winnicott chama esses objetos de "objetos de transição" porque acredita que representam estágios intermediários entre o apego da criança à mãe e seu apego aos "objetos" posteriores, ou seja, às pessoas que a criança vem a amar e das quais passa a depender. Winnicott considera que esses objetos são mediadores entre o mundo interior da imaginação e ao mundo exterior. O lençol, a boneca ou o ursinho é claramente objeto real que existe como entidade separada da criança; porém, ao mesmo tempo, está fortemente revestido das emoções subjetivas que pertencem ao mundo interior da criança. Esse processo de mediação entre o interno e o externo pode ser descrito como o primeiro ato criativo da criança. Winnicott faz a importante observação que o uso dos objetos de transição não é patológico. Embora esses objetos forneçam segurança e conforto, podendo portanto ser considerados como substitutos para a mãe, eles não se desenvolvem porque a mãe seja inadequada. Os objetos de transição só surgem quando o bebê é capaz de revesti-los de qualidade solidárias e amorosas. Para tanto, o bebê precisa necessariamente ter experimentado apoio e amor verdadeiros. É somente quando a mãe foi introjetada pelo menos como objeto parcialmente bom que essas qualidades podem ser projetadas sobre o objeto de transição.
Anthony Storr

sábado, 7 de agosto de 2010

Nelson Mandela


"Nas garras ferozes das circunstâncias
Não me encolhi nem derramei meu pranto
Golpeado pelo destino
Minha cabeça sangra, mas não se curva.
Longe deste lugar de ira e lágrimas
Só assoma o horror das sombras
Ainda assim, a ameaça dos anos me encontra
E me encontrará sempre
Destemido
Pouco importa quão estreita seja a porta
Quão profusa em punições seja a lista
Sou o senhor do meu destino
Sou o capitão da minha alma"
Nelson Mandela

domingo, 4 de julho de 2010

GOYA E A SOLIDÃO

Goya tinha imaginação terrível. Seu isolamento, induzido pela surdez, levava-o a registrar suas visões de pesadelo, seu desespero causado pela loucura suas visões de pesadelo, seu ódio pela tirania e sua compaixão pelo sofrimento humano, com uma intensidade jamais alcançada por nenhum outro artista. Seu medonho quadro “Saturno Devorando seus Filhos” ornamentava uma das paredes da sua sala de jantar. É difícil compreender como um homem obcecado com esses horrores podia viver consigo próprio; mas Goya foi um dos homens mais fortes que jamais existiram. Aos oitenta e dois anos ele escreveu que não conseguia enxergar, escrever nem ouvir: “ Nada mais tenho além da vontade – e esta eu tenho em abundância”.
Anthony Storr

sábado, 8 de maio de 2010

SONHO


O sonho é a pequena porta escondida no santuário mais profundo e íntimo da alma, que se abre para a noite cósmica primordial que foi a alma muito antes de existir o ego consciente e será alma muito além do que o ego consciente poderia alcançar.

Carl Gustav Jung

sábado, 24 de abril de 2010

Para Compreender as Flores...

Em busca do significados das flores...

"Eu penso que as flores são, primeiramente, uma referência ao aspecto erótico da energia motivadora. Nos sonhos, as flores geralmente apontam para duas idéias principais: quando uma flor única é enfatizada, com muita frequencia indica uma imagem mandálica, já que flores são mandalas naturais. A outra ideia é a de que flores representam a capacidade natural de atrair. Elas são representações da beleza, uma isca. Provavelmente, do ponto de vista teleológico, é para isso que uma planta gera flores. Elas atraem criaturas que servem aos seus propósitos. Assim, consideradas psicologicamente, as flores representariam a isca de beleza que o inconsciente estende para o ego, para atraí-lo ao processo de individuação." - Edward F. Edinger

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Oposição de Urano

A oposição de Urano acontece entre os 40/43 anos, e é o período onde as pessoas estão sob uma intensa agitação interna necessitando de mudanças em suas vidas. Pode representar, portanto um simples clima de tensão, ou uma verdadeira ruptura na sua maneira de se comportar. Esta época é extremamente conturbada, pois é repleta de mudanças repentinas que causam transtornos intensos na vida das pessoas.

Quando tudo deveria estar em maior harmonia na sua vida, é quando se percebe que, ao aproximar-se dos 40, descobre que lá dentro de sua alma inicia-se uma fase de angústias e sensações tão estranhas, que nem sequer sabe definir o que sente.

É uma ruptura com o passado e uma adaptação às novas condições, que por serem novas, trazem junto o desconforto e a insegurança de lidar com situações desconhecidas.

Devido a tantas reflexões este trânsito traz novos conceitos e muitas mudanças afinal de contas com tantos conflitos e uma intensa busca interna, aprende-se a compreender o próprio valor, aquele que vem de sua própria alma e é exatamente isso que te traz uma maior segurança e tranquilidade.

Os trânsitos de Urano trazem liberdade e potencial de renascimento, simbolizam épocas de libertação e autonomia. A energia vigorosa de Urano ajuda-nos a quebrar os padrões rígidos com que nos programaram despertando novas formas de lidar com as crises e o crescimento.

Dessa forma, ou aprenderemos a ser flexíveis e mudar ou sofreremos as consequencias por insistirmos em permanecermos os mesmos de sempre.